Avançar para o conteúdo principal

Futebol em 90 minutos - Salve-se quem puder, a nossa liga


Hoje é um dia de surpresas no blog. A primeira é a apresentação desta nova rubrica relacionada com o futebol. Aqui será comentado o futebol jogado dentro das 4 linhas, por Márcio Ribeiro, um jovem estudante da faculdade de direito, apaixonado pela arte que é o futebol e que neste espaço vai deixar a sua opinião relativamente ao jogo jogado para todos aqueles que gostam do verdadeiro futebol.


13 de Março de 2018, jornada 26. Até aqui, muito já se viu e jogou, e nada se decidiu, muita tinta correu e pouco do que é de futebol se falou: aqui vos deixo uma análise da liga portuguesa, do que se jogou e falta jogar, de um apaixonado pelo futebol, daquele que se joga nos 90 minutos, e dentro de campo. Hoje ficamos com a guerra dos aflitos.

Ver também a análise ao «meio da tabela»

Estoril Praia:


Equipa que prometia muito, Victor Andrade, Allano, Kléber, Lucas Evangelista (apesar de ainda desconhecido dos nossos, começou com 3 boas exibições, coroadas com um golo ao Sporting CP, que depois se confirmariam numa época em que tem estado a bom nível), Aílton e até Matheus Índio. O que é facto é que todas as referências são feitas a jogadores de carácter ofensivo o que se veio a traduzir numa equipa com defesa débil (53 golos sofridos: pior da Liga NOS), e em que a qualidade ofensiva nem sempre foi suficiente para fazer face às debilidades a nível tático principalmente defensivas que foram apresentando. Actualmente às ordens de Ivo Vieira, apresenta um esquema táctico em que aposta numa defesa subida, e contra-ataques rápidos, que já lhe custaram alguns desaires (uma série de 6 derrotas consecutivas, coroada negativamente por uma goleada em casa com o SC Braga, por 6-0). Em suma, é uma equipa aliciante, que teima em não sair da lanterna vermelha da Liga NOS, mas na qual vê na sua vertigem atacante e jogadores irreverentes, característica figurativa de canarinhos, alguma desconfiança quando se fala em descida de divisão, a minha aposta é na sua manuntenção.



Moreirense:


Moreira de Cónegos teima em estar no mapa, esta é uma equipa que tem resistido bem àquilo que são as consequentes épocas a lutar pela manutenção. No que toca a este ano, quanto a individualidades pouco se viu e ouviu. No início da época conseguiram manter Ousmane Dramé, que vinha de uma excelente época passada em que deu nas vistas, Tozé ou até Arsénio. Assumiram alguma importância jogadores como Bilel Aouacheria, porém a política do clube em contratar jogadores mais “desconhecidos” para cá poderem singrar manteve-se. Até ao que diz respeito à jornada 26 esta tem sido uma caminhada de altos e baixos, com algumas vitórias (quase sempre pela margem mínima) muito esforçadas. Alfa Semedo é um valor que considero a reter, um jogador que se fizer uso do seu bom porte físico, com a qualidade técnica que tem e tenra idade pode vir a dar num caso sério na defensiva do meio-campo. Na minha opinião, dificilmente escapará à relegação.



Feirense:


Santa Maria da Feira pode orgulhar-se. Esta equipa mistura aquilo que são os valores seguros como Babanco, Luis Machado e Flávio Ramos e posteriormente de Crivellaro, com a irreverência de promessas e jogadores jovens de Hugo Seco e Tiago Silva ou até mesmo Briseño que se tem revelado um bom valor no centro da defesa. Apostam em transições rápidas, usando como referência João Silva ou a velocidade dos alas Luis Machado e Edson Farías. A qualidade que Tiago Silva traz ao jogo, a juntar ao motor que é Babanco e à sua experiência fazem-me pensar que esta equipa, apesar de estar a poucos pontos da zona de descida, se conseguirá escapar. Nuno Manta Santos é também um treinador que muitos apreciam e pela qualidade que apresentou na vitória contra o Boavista e na derrota com o Rio Ave em que esteve grande parte do tempo na frente do marcador não parecem deixar dúvidas que para o ano estarão no escalão principal do futebol português. Contem com eles.



Vitória de Setúbal:


Se há equipa com altos e baixos é esta. Nos últimos 6 jogos tem 3 vitórias e 3 derrotas alternadas consequentemente jogo a jogo, que espelham bem aquilo que está a ser um campeonato atribulado. São uma equipa que à imagem de José Couceiro, faz alguma confusão. Por um lado se numa fase inicial apresentavam até um bom futebol com alguma vertigem ofensiva a cargo de Gonçalo Paciência (resgatado em Janeiro pelo FC Porto) e João Amaral, são hoje na minha opinião uma equipa com poucas ideias, sem profundidade e sem um estilo de jogo padrão. Têm em Costinha e Nuno Pinto os jogadores-chave que aliados à segurança de Tomás Podstawski e ao despontar (a ver vamos) de André Pereira, que tem feito até boas exibições. Ponto negativo tem sido João Teixeira, de quem se esperava muito pelo que demonstrou anteriormente, porém não tem feito a diferença. A minha segunda aposta para a relegação é este Vitória, que não terá argumentos suficientes para fazer face a uma maior vonte e qualidade dos seus adeversários directos.



Paços de Ferreira:


Escrever sobre uma equipa que acaba de vencer o líder (até então imbatível) do campeonato e que se encontra numa posição débil, é complicado. Época atribulada, sem grande brilho. Se no início tinham um Wélthon em boa forma (apesar de um mau começo), a sua saída para um Vitória de Guimarães fez-se sentir na cidade do móvel. Porém, ao recuperarem um Assis sem influência no SC Braga, e um Rúben Micael em idade já avançada (31 anos) conseguiu buscar o que procurava reforçar: o seu míolo. Aliado à repentina qualidade técnica de Pedrinho (para mim o maior destaque desta equipa), à experiente defesa com Miguel Vieira e Ricardo (ou até Marco Baixinho), e a um Luiz Phellype discreto mas que tem apresentado aqui e ali bons pormenores e à intensidade de António Xavier, fazem desta uma equipa que nas mãos correctas (como parecem ser as de João Henriques) parece perfeitamente capaz de subir uns lugares na tabela e realizar um final de época tranquilo. Usam um esquema táctico ofensivamente deambulado com dois médios “números 10” que dão uma qualidade no último passe. Se nas alas tivessem feito uma aposta mais significativa, esta seria uma equipa que passaria uma fase tranquila este ano.



Desportivo das Aves:


A Vila das Aves está bem e recomenda-se. Se no início havia muito quem desconfiasse, parece-me aqui e agora que poucas dúvidas restam na sua manutenção: esta é uma equipa de primeira! Actualmente, apresentam na frente, Derley, um jogador com créditos mais do que firmados entre nós, que já representou e por muitas vezes um grande nacional, o SL Benfica. Apresentam alternativas viáveis como Alexandre Guedes e Christian Arango, que apesar de terem passado um pouco ao lado para aquilo que se esperava deles, vão mostranto aqui e ali, a sua qualidade. Falar do meio campo do Aves é ainda mais difícil, pois na minha opinião, a seguir aos 4 primeiros lugares da liga é o melhor meio campo. Carlos Ponck, trinco possante com boa qualidade de passe e cultura táctica tem ocupado a posição de defesa central devido à necessidade (numa fase inicial) e devido à qualidade que apresentou na posição numa fase posterior. Vitor Gomes é um relógio táctico, mestre que define os tempos de jogo e hora de soltar a bola, para mim o jogador fulcral do miolo. Agora, junta-se a isso a experiência de um Paulo Machado que dispensa apresentações, um Cláudio falcão que certamente dará que falar, pois tem sido muito importante na campanha da equipa nos últimos jogos. Mais, Braga é outro que dispensa apresentações. No banco de suplentes, podem ter Ryan Gauld, jovem que tem uma qualidade enorme mas que teima em despontar, tapado pela fragilidade física que apresenta, mas que mais tarde ou mais cedo despontará; Luis Fariña chegou à Europa pela mão do SL Benfica e já representou clubes como o Deportivo da Corunha. Nas faixas junta Nildo Petrolina que ainda longe dos seus tempos de Beira-Mar, mostra uma frescura e ajuda defensiva que junta ao seu potente pé esquerdo e que culmina num jogador que tem de jogar sempre. Nos últimos tempos temos assistido também ao despontar de Amilton, a velocidade e irreverência do Brasileiro podem vir a dar que falar. Na defesa, a experiência de Quim e Adriano Facchini, a juntar à recente aquisição de Artur Moraes fazem da baliza um forte que faz desta uma equipa difícil de bater. Rodrigo e Nelson Lenho tem estado a um bom nível, e também são jogadores bem rodados no panorama futebolístico. José Mota, figura incontornável do nosso futebol para mim parece-me ser o principal responsável por esta equipa não ter ainda conquistado a tranquilidade. Para mim, contamos com o Desportivo das Aves para o próximo ano, e a manter alguns dos seus valores, poderá aspirar a voos mais altos da Liga Nos.

Não percam as análises a Belenenses, Tondela, Vit. Guimarães, Portimonense, Marítimo e Chaves, na próxima publicação!
                                                                                                                                         Márcio Ribeiro




Comentários

Mensagens populares deste blogue

O Homem controlador do Universo - Diego Rivera

A genialidade que se sugere este fim-de-semana está relacionada com o nascimento de um movimento cultural e social no México, o Muralismo mexicano e um dos seus mais influentes autores, Diego Rivera. Nascido em Guanajato, México, em 1886, Diego morreu com quase 71 anos em 1957 na cidade do México. Foi um dos mais influentes fundadores do movimento, juntamente com José Orozco e David Siqueiros. Ficou mundialmente conhecido o seu relacionamento com Frida Kahlo, mas foram diversos os seus relacionamentos, mesmo com Frida o seu relacionamento foi conturbado, tendo se separado e junto várias vezes com a pintora. Mas falando do que realmente interessa, das obras, foram várias as obras míticas que o pintor nos deixou. Influenciadas pelos gostos políticos de Rivera, que era um marxista convicto que acolheu Trotsky após a sua expulsão da União Soviética, as suas obras dão grande ênfase à componente social que se reflecte nos seus morais, que procuram mostrar a desigualdade entre

A eucaliptização do futebol português

As raízes aprofundaram, invadiram a terra alheia e estão prestes a secar a fonte, a competitividade desportiva que, há muito deixou de ser importante neste "lindo" eucaliptal.

Uma questão Palestina

Deixo uma pequena reflexão para ver se percebemos o que se passa com a Palestina/Israel. Imaginemos que acontecia em Portugal o seguinte. Que ao fim de quase  900 anos de identidade como nação portuguesa, chegassem aqui um grupo de muçulmanos e reivindicassem o califado que já lhes pertenceu, ocupando e expandindo território outrora português.