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Futebol em 90 minutos - Uma Europa que não é para todos, a nossa liga


Rubrica relacionada com o futebol. Aqui será comentado o futebol jogado dentro das 4 linhas, por Márcio Ribeiro, um jovem estudante da faculdade de direito, apaixonado pela arte que é o futebol e que neste espaço vai deixar a sua opinião relativamente ao jogo jogado para todos aqueles que gostam do verdadeiro futebol.

Após termos abordado aquilo que será a tarefa mais difícil e espremido ao máximo as equipas do 6º ao 18º classificados da Liga NOS, vamos finalmente ocupar-nos por aquilo que tanta tinta tem feito correr. Uma última palavra para as equipas pequenas, pois o facto de haver em Portugal tal desigualdade, não é culpa, apenas, a capacidade financeira: a inferioridade vem da mentalidade e, enquanto não encarar-mos estas equipas com a devida atenção e pormenor, nunca seremos capazes de igualar infraestruturas e fazer com que (ainda mais) este campeonato suba os seus níveis de competitividade (reduzir a diferença pontual entre o primeiro e o último classificados). Cada vez mais não existem jogos fáceis, e prova disso têm sido os campeonatos últimos, decididos em cada pormenor, e em jogos com os “pequenos”! Se cada vez mais nessas equipas se formam bons jogadores, saem bons talentos e se joga melhor à bola, há que haver um tratamento menos diferenciado a nível da própria F.P.F., dos média e até por parte das equipas de arbitragem. Mas vamos ao que interessa:
Ver também a luta dos aflitos


Boavista:


Mais uma equipa de zigue-zagues, pelo menos a nível de resultados. Com uma péssimo arranque de campeonato, o conjunto axadrezado foi endireitando as coisas até atingir uma certa tranquilidade pessoal, sendo que a tarefa boavisteira não parece passar por mais do que tentar fazer daqui em diante a maior quantidade de pontos possíveis, sempre com vista a um terceiro lugar. Parece estar criada aqui uma guerra entre O Boavista, o Marítimo, o Chaves e o Rio Ave, e que renhida vai a contenda! O vencedor desta corrida (conquiste o 5º lugar) poderá ter acesso à pré-eliminatória da Liga Europa, dependendo sempre dos finalistas da Taça de Portugal! Longe da ribalta de outros tempos, mesmo assim esta equipa teima em subir de época para época tornando-se cada vez mais um colectivo de meio-alto da tabela. A nível individual, um aparecimento em grande forma de David Simão (andava perdido em Sófia, que desperdício) deu ao músculo de Ídris Mandiang uma razão de viver e fez do meio campo uma tranquilidade que, colmatada com a experiência de um Fábio Espinho que teima em não baixar de forma, aos 32 anos, formam um meio campo bastante interessante. O problema com a referência ofensiva, a par do Vitória de Setúbal, parece persistir, até porque o Boavista já vem de dois anos com esse mesmo problema. Começou a época com Iván Bulos, que cedeu lugar a Leonardo Ruiz. Mais tarde surge uma revelação: Iusupha Njie. Bom tecnicamente, alto e veloz o jogador tem nos últimos tempos estado em destaque e já se fala em interesse por parte de alguns bons clubes europeus. Nas alas, entre Mateus, Kuca e Renato Santos, todos eles têm estado bastante competentes, cada um ao seu jeito, principalmente fazendo do Bessa o seu local preferido para desequilibrar. Na baliza, Vágner e na defesa, Sparagna e Talocha, são para mim os principais destaques de uma equipa que tem sofrido até bastantes golos até ao momento (35). A sua tarefa para o que resta do campeonato não deve passar mais do que sonhar pelo 5º lugar, sendo que tal parece complicado principalmente tendo em vista o facto de defrontar Sporting e Porto nas ultimas 8 jornadas.



Rio Ave:


Juntas a filosofia de jogo de Miguel Cardoso, com excelentes executantes como são Rúben Ribeiro (na primeira metade da época), Francisco Geraldes e João Novais e tens a equipa que melhor trata a bola da Liga NOS. A recente quebra de forma pode estar relacionada com a saída de Rúben Ribeiro para o Sporting CP, mas o sentido de jogo está lá! Com dois laterais bastante ofensivos, por norma Yuri Ribeiro e Lionn, a abrirem de cada vez que o trinco se junta aos defesas na construção ofensiva a partir de trás, com os “mosqueteiros” tecnicamente fabulosos e sempre ligados à corrente que são Geraldes e Novais e um finalizador de boa qualidade como é Guedes, faz desta uma equipa bastante equilibrada que prima pela qualidade de jogo, e que já fez ver as equipas grandes como se joga, com bola nos pés. Na defensiva, Marcelo faz mais um ano de excelente qualidade, já à bastante tempo a justificar o salto! Um enorme destaque tem sido Cássio que no auge dos seus 37 anos tem estado irrepreensível entre os postes. A meu ver esta é a equipa que terá mais probabilidade de alcançar o tão desejado 5º lugar, e até por uma questão de mérito, pois que Vila do Conde seja exemplo para outras equipas montarem os seus esquemas tácticos, na próxima temporada. Última palavra para Miguel Cardoso: um senhor. Sempre fiel ao seu estilo de jogo, mesmo em condições mais adversas, com uma excelente capacidade comunicativa e inteligência táctica acima da média, fazem deste aquele que para mim é o melhor treinador da Liga NOS da atualidade.



SC Braga:


Em Braga é legítimo sonhar com voos maiores, pois esta equipa é de facto um grande, no verdadeiro sentido da palavra! Montou um plantel fortíssimo que tem duas ou três boas soluções para cada posição (é difícil estar aqui a falar de individualidades, numa equipa tão recheada de talento). Tentando ser breve, O Braga é hoje uma equipa à imagem do seu treinador, calma na circulação estes esperam o melhor momento para atacar a profundidade e fazem do cruzamento a sua melhor e mais eficaz arma de arremesso para golo. Abel faz também da sua classe e capacidade comunicativa, símbolos que tenta claramente passar para o jogo do Braga: dois homens no meio campo e o resto joga para a frente! Começando de traz, Matheus pode arrecadar o título de melhor guarda-redes da Liga NOS perdendo por ventura só e apenas para Rui Patrício. Na defesa, Esgaio foi subindo no terreno e hoje joga até a extremo, importante nas manobras defensivas e compensação dos espaços. Ainda na defesa a agradável surpresa que é Bruno Viana e a veterania de Jefferson dão solidez a uma boa defesa (este último muito importante na manobra ofensiva, principalmente pelos potentes cruzamentos que executa). Falar do meio campo do Braga é difícil, pois estamos perante o meio campo mais recheado de soluções da primeira liga: desde Fransérgio a Danilo e Vukcevic, mais defensivamente, aos “8’s” André Horta e João Carlos Teixeira, as soluções são muitas e variadas. Na frente temos aquele que para mim é o destaque da equipa: não é um recital vê-lo jogar, muito menos um jogador estético mas consegue ser um avançado completo desde o tempo de salto ao último passe. Falo de Paulinho! Com Wilson Eduardo e Dyego Sousa a fazerem parelhas nos onzes este tem sido um ataque bastante concretizador (3º melhor do campeonato, à frente do Sporting CP). Na minha opinião, o 3º lugar irá ser decidido entre o Braga e o Sporting CP já na próxima jornada, uma vez que os segundos visitam os primeiros: caso a equipa bracarense vença, pode legitimamente aspirar a um 3º lugar!
                                                                                                                                       Márcio Ribeiro

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