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Futebol em 90 minutos - Uma luta a três até ao final - a nossa liga

Rubrica relacionada com o futebol. Aqui será comentado o futebol jogado dentro das 4 linhas, por Márcio Ribeiro, um jovem estudante da faculdade de direito, apaixonado pela arte que é o futebol e que neste espaço vai deixar a sua opinião relativamente ao jogo jogado para todos aqueles que gostam do verdadeiro futebol.


SCP:



Numa crítica cada vez mais partilhada entre os sportinguistas o único problema do Sporting CP parece ser o ego do seu treinador. Tácticamente fantástico, faz ver os grandes nomes do futebol, mas quando se fala da comunicação a coisa muda de figura. Jorge Jesus parece não conseguir gerir da forma mais correcta aquilo que é fundamental quando se treina uma grande equipa: a atitude mental dos jogadores. Futebol apático nesta segunda parte da temporada, e consequentemente jogadores a acusarem pressão e até algum desgaste, fazem desta aquela que, se à dois meses poderia ser a época do Sporting, para uma que parece só mais uma e que passa principalmente por assegurar um 3º lugar o mais rapidamente possível para poder medir forças com o SL Benfica por um 2º posto (relembre-se que este ano, o 3º lugar já não dá acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, mas sim acesso directo à Liga Europa). Na baliza, Rui Patrício avança para mais uma excelente época, sendo que Coates e Mathieu têm sido uma dupla coesa, a melhor do campeonato no que toca à minha opinião. Coentrão têm-se revelado importante apesar de longe ainda do brio de outros tempos. No miolo, William tem sido fundamental (mais uma vez, porque será) na manobra de transição da equipa. Bataglia tem sido o número 8 mais vezes escolhido e bem: o argentino tem sido um verdadeiro Pitbull do meio campo, onde as pilhas parecem não acabar, chega a fazer lembrar Enzo Pérez nos seus tempos áureos de Benfica. Nas alas, quer Marcos Acuña quer Gelson Martins parecem ter pegado de estaca desde início e nunca mais largaram o lugar (a não ser por motivos físicos), más notícias para Rúben Ribeiro que ainda não consegui mostrar a sua preponderância e para Bryan Ruiz, que até na posição de segundo avançado tem revelado também alguma vulgaridade. Fredy Montero regressa em Janeiro porque Jesus não via um segundo avançado ao seu jeito (relembre-se que já no Benfica, “exigiu” Saviola para emparelhar com Cardozo) e para já tem feito boas exibições nos 7 jogos que soma, porém apenas um golo marcado. Bas Dost é a meu ver a chave da equipa e os seus números não mentem: 22 golos em 22 jogos fazem do Holandês voador uma arma mortífera para qualquer defesa. Uma agradável surpresa tem sido Rafael Leão que aparece numa fase em que Doumbia não se afirma e tem agarrado cada oportunidade, muito querido entre os adeptos, quer pelo nome quer por ser um produto da formação leonina, fez um importante golo ao FC Porto e vê-lo jogar dá vontade de ver mais, mas esperemos para ver!




SLB:


Neste ano o Benifca arriscou, e pôs-se a jeito. Se em anos anteriores, um ano de renovação (poucos ou nenhuns reforços e apostas na formação) resultou e deu frutos, este ano a coisa parecia não estar tão bem encaminhada. Se as entradas de Seferovic como reforço sonante, importante nos primeiros jogos depois o Suiço foi desaparecendo, e de Krovinovic, que chegou a ser muito importante nas aspirações das águias, foram os dois verdadeiros únicos reforços, já a entrada de Miles Svilar e Douglas Pereira vieram acrescentar o mesmo que a campanha da Liga dos Campeões significou para o clube este ano, zero! Se no caso do Belga a coisa é tolerável devido à tenra idade, a displicência do segundo já não é assim tanto, parece ser crónico e a sua postura defensiva chega a ser anedótica. Porém, surgem Bruno Varela a um nível crescente que se revelou seguro e suficiente para a baliza, um André Almeida cheio de vontade e muito competente também e um Grimaldo “cheio de pilhas” que joga na defesa esquerda encarnada mas um número 10 nas costas não lhe assentava nada mal, que pezinhos! Rúben Dias não engana, e a recente chamada à seleção prova isso mesmo, teima em ser patrão e a sua capacidade física tem sido difícil de bater! Jardel igual a si mesmo, e o mesmo se pode dizer de Fejsa: o sérvio que teima em não sorrir deixa que seja o jogo a sorrir para ele, sempre duro este muro têm sido fundamental num meio campo que agora a 3 se tem revelado coeso e dinâmico (finalmente). Pizzi fez uma má época, fazendo questionar muita gente do trabalho que fez no ano transacto que lhe deu o título de jogador do ano da Liga NOS. Já Zivkovic entrou como substituto, um pouco à força, de Krovi. O sérvio tem estado muito bem, e faz das combinações com Cervi e Grimaldo um lado esquerdo que, se algum deles medisse mais de 1,65 metros poderia ser ainda mais temível. Do lado direito Salvio estava bem, regular até se lesionar e ter de entrar um Rafa que teima em não se afirmar, apesar de estar a subir de forma e ter já decidido jogos neste último terço do campeonato. Na frente, Jonas é para mim não só o melhor jogador do Benfica, como da Liga NOS e, se não houvesse Neymar... Calma, estava a brincar. Mas Jonas, faz os futebol parecer um conto de fadas, em que ele teima em ser a personagem principal. Golos, muitos e muito bons fazem-nos ter pena de o “ter conhecido” aos 28 anos de idade. O Benfica está na luta, mas o que parece ser uma corrida pelo título com o FC Porto pode rapidamente transformar-se num 3º lugar, que bom campeonato! Se não falei de Rui Vitória é porque considero que um Pastor Alemão no lugar dele fazia o mesmo trabalho, vamos lá Sr. Rui, às vezes é preciso mais garra.




FCP:

 

Sérgio Conceição veio trazer ao FC Porto aquilo que realmente precisavam, a garra e a vontade de ganhar. Se táticamente não é perfeito, Sérgio tem aquilo que mais nenhum treinador dos 3 grandes tem e que é fundamental para o FC Porto, a capacidade mental, e esta capacidade ganha jogos. Sempre igual a si mesmo (mesmo que às vezes exagere) o treinador que tem o coração na boca, e que em muitos jogos ajuda o lateral do FC Porto a defender, não duvidem que a vontade de entrar em campo de Sérgio é maior que a de um Samaris num daqueles dias. O jogo do FC Porto tem pautado pela capacidade física e transições rápidas apostando sobretudo em Marega e Aboubakar, em que as linhas de apoio do meio campo têm funcionado muito bem. O futebol do FC Porto parece ser simples, muitas bolas nas costas da defesa, e lances de bola parada bem estudados e executados. Neste aspecto a minha palavra vai para Alex Telles, melhor da sua posição, é outro que dá gosto ver jogar, os seus cruzamentos levam selo de entrega e raramente falham no alvo! Defesensivamente tem estado com uma boa postura, mas cresceu muito nesse aspecto e Sérgio pode ter sido importante, pois quando chegou, Alex Telles defendia quase tão bem quanto Otávio. Caso saia no final da época causará uma grande lacuna na defensiva portista mas “tragam outro Alex e ele brilhará”! No que toca ao resto da defesa há a destacar a virtuosidade e dinâmica de Ricardo Pereira, que veio demonstrar os sinais dados na Liga Francesa, e a capacidade defensiva de Felipe que parece não saber jogar mal: muitas vezes criticado pela rigidez, é disto que são feitos os grandes centrais, senão vejam um pouco do historial dos melhores centrais do mundo. Na baliza tem pairado uma nuvem cinzenta pois se o multi-titulado Iker Casillas tem estado regular, com alguns erros apenas, José Sá, quando é chamado também cumpre. A meu ver, a titularidade devia ser dada a Iker, apesar de parecer estratégico de Sérgio que haja competitividade na baliza, aumentando os níveis de empenho de parta a parte. Danilo, no miolo é baixa importante nos últimos jogos e isso tem-se feito sentir no jogo dos Dragões: o médio de enorme qualidade que teima em passear pelo nosso campeonato, fez uma primeira metade a um nível galáctico (se calhar, onde estará para o ano) e não pode demorar muito tempo a recuperar pois se Sérgio Oliveira tem estado bem, gera ainda alguma desconfiança naquilo que é a ocupação de espaços na manobra defensiva do FC Porto, coisa em que Danilo é doutorado. Brahimi tem feito uma época de altos e baixos, mesmo que a sua qualidade já não deixe quaisquer dúvidas de que é, a par de Jonas, dos melhores jogadores da Liga NOS. Marega tem sido uma agradável surpresa, apesar de por vezes trapalhão, o armário Maliano tem desmontado defesas, como quem desfaz pão-de-ló, mesmo que ainda muitos duvidem dele. Aboubakar tem cumprido (já leva 15 golos). Corona é chamado e faz bons jogos. Corona é chamado e faz maus jogos. Sim, isso mesmo, Jesús Corona é capaz de levantar o estádio com jogos e golos fantásticos e faz, outras vezes, criar crises existenciais nos adeptos tripeiros. Tiquinho é para mim o melhor avançado (mais completo) do FC Porto.


Em suma, ainda nada está decidido o que é ótimo! Venham essas lutas dentro de campo, venha a intensidade e os golos, venham a garra e a vontade, venha o futebol!
Mas por favor, só não venham falar de e-mails, toupeiras, apitos e pré-pagamentos. Respeitem quem treina bi-diariamente, e sofram pela vossa equipa porque quem ganha é o futebol!
                                                                                                                                    Márcio Ribeiro.

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