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Vai uma linda Garraiada, vai


O tema do momento aqui na cidade dos estudantes é o referendo que vai acontecer no próximo dia 13, promovido pela DG/AAC e conselho de veteranos, e leva à discussão a continuidade ou o termo da garraiada nas festividades da queima das fitas. É um assunto fracturante no seio da comunidade estudantil, uns defendem a tradição outros os direitos dos animais, no entanto é fácil encontrar críticas a qualquer uma das posições, por isso, a minha posição valendo o que vale, vai no sentido de acabar com um espectáculo, que representa apenas uma minoria dos mais de 30 mil estudantes.
                                     

De todos os argumentos contra a garraiada, apenas o supra citado me orienta para a minha intenção de votar contra, porque apenas uma pequena parte dos estudantes gosta daquele tipo de espectáculo e a garraiada acaba por não representar uma maioria que prefere outro tipo de eventos, em que se revejam. Agora, não posso deixar passar ao lado, a hipocrisia em que assenta o principal argumento do contra.

Para quem defende os animais, percebo que não gostem de ver o animal naquelas condições de humilhação e experimentação, no entanto, também sabem ou deveriam saber que aqueles animais «bravios» têm uma vida muito mais digna do que aqueles que comem ao almoço ou jantar. Uma maioria destes que comemos das grandes superfícies, sendo herbívoros, nem chegam a ver um pasto verde ou sequer a luz do dia, que coabitam com milhares de outros animais em espaços confinados e que apenas têm na base da sua alimentação, esteróides, para um rápido crescimento. Os animais de lide, apesar do seu fim trágico, e aqui, nem isto está em questão, são muito mais felizes do que qualquer animal de produção, pelo menos até ao dia da sua morte vivem em liberdade, nas herdades do centro e sul do país.

Outro argumento, que apesar de não influenciar a minha decisão me sensibiliza, são os benefícios económicos que uma cidade como a Figueira da Foz deixa de ter. Numa época baixa do ano, qualquer evento é muito bom para a economia e este traz sempre retorno para a cidade. No entanto, acho que isto poderia ser colmatado com um outro evento no mesmo dia e se possível, até no mesmo local.

Por fim, resta dizer que o mais absurdo de todos, não deixa de ser o principal argumento dos que são a favor, a tradição. Coimbra sempre foi uma cidade de combate ao estabelecido, sempre primou pela ousadia e sempre acompanhou a evolução natural das coisas, por isso falar em tradição não me parece o melhor, ainda para mais, quando uma grande maioria não se revê neste evento, que junta umas dezenas de estudantes bêbados a tentar dominar um pequeno bovino que está desorientado numa arena e que não sabe lidar com a situação.

Acima de tudo, apelo ao voto consciente e que não se caiam em futilidades em que nada acrescentam ao debate. Um abreijo.







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